O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Paulo Pimenta (PT), afirmou que a atual prioridade do governo federal é atender o Estado do Rio Grande do Sul, duramente afetado pelas chuvas que já deixaram ao menos 78 mortos e milhares de desabrigados e desalojados. “É impossível pensar em enfrentar a situação no Rio Grande do Sul em um clima de normalidade institucional. A vinda do presidente Lula ontem, na medida em que ele traz com ele o presidente da Câmara, o presidente do Senado, o presidente do Tribunal de Contas e um representante do Supremo Tribunal Federal, talvez tenha sido a medida mais importante até agora, para que a gente possa aprovar uma medida legislativa que permita uma agilidade na liberação de recursos para os municípios semelhante ao que foi feito na época da pandemia. Não adianta só termos o recurso - e o Lula já falou que o recurso vai ser disponibilizado - se nós não tivermos agilidade para que os recursos cheguem”, disse Pimenta durante participação no programa Bom Dia 247, da TV 247, desta segunda-feira (6).
O ministro também disse que o governo está tentando viabilizar recursos fora do teto de gastos para aplicar na reestruturação do estado gaúcho. “Nós precisamos de uma medida para poder tirar toda a ação que será feita do teto fiscal. Essa é uma questão básica. Nós não temos como imaginar enfrentar a situação do Rio Grande do Sul com o teto de gastos controlando o recurso mínimo de investimento que já existe. O governo precisa dessa PEC, e a vinda dos presidentes da Câmara e do Senado teve exatamente esse objetivo. O Lula falou uma frase que ele diz que aprendeu com a mãe dele, que é: o que os olhos não veem o coração não sente. Então ele trouxe as pessoas aqui para sensibilizar os Poderes a aprovarem uma medida legislativa de urgência que permita que a gente possa ter isso, poder acessar esse recurso sem o teto de gastos e a agilidade para que esse dinheiro possa chegar com a máxima rapidez onde as pessoas estão precisando”.
“Então nesse momento, mais importante do que qualquer outra coisa, é a gente encontrar um caminho para que as coisas possam ocorrer em uma velocidade necessária. Tem muitos municípios sem acesso, que estão sem água, sem alimentos. Tem mais de 100 unidades de saúde que foram atingidas, hospitais que estão sem oxigênio, sem remédios, cidades que estão sem combustível. As máquinas do poder público que trabalham na limpeza e desobstrução pararam porque não têm combustível e não têm acesso rodoviário para que o diesel possa chegar”, complementou.
“Não há dúvidas de que estamos diante de uma catástrofe, de uma tragédia do ponto de vista climático, meteorológico, de uma proporção enorme. Dá para comparar com aquele episódio que aconteceu aqui em setembro do ano passado. Estou falando de uma situação que envolve 300 cidades. Nós temos 20 pontos de bloqueios, em rodovias federais e estaduais. E uma quantidade de pessoas que foram obrigadas a sair de casa, ou porque suas casas foram destruídas porque as casas estão alagadas. Possivelmente vai passar aí da casa de dezenas de milhares [de desabrigados]”, ressaltou o ministro.
Ainda de acordo com Pimenta, “a situação envolve diferentes estágios. Como essa chuva começou com essa intensidade lá no domingo, na segunda da semana passada. Algumas cidades que foram as primeiras a sofrerem as enchentes, o rio já baixou, e agora a gente já tem a noção do que foi atingido, cidades que estão soterradas pela lama, pelo lixo. Algumas cidades da região metropolitana ainda estão na fase mais aguda, porque o rio ainda está muito alto - estabilizou em um nível muito grande -, e as cidades estão com milhares pessoas com as casas debaixo d’água”.
O ministro também afirmou que o governo federal está trabalhando de forma conjunta com o governo estadual e as prefeituras das regiões afetadas pelas chuvas. “Nesse momento estamos eu, Waldez [Goes, ministro do Desenvolvimento Regional], o Renan [Filho, ministro dos Transportes] e a Nísia [Trindade, ministra da Saúde]. Está chegando o Alexandre Silveira [ ministro das Minas e Energia]. Nós vamos implantar um escritório permanente do governo federal aqui no Rio Grande do Sul e estamos trabalhando junto com o governo do estado, com as prefeituras, com a comunidade”.
Ainda segundo ele, “é um trabalho 24 horas por dia, ainda no resgate, de busca de pessoas que estão ilhadas. São muitas pessoas. Tem um trabalho muito bonito de voluntários. São milhares de pessoas trabalhando durante todo o final de semana, dia e noite, no resgate de pessoas. Mas é um trabalho que vai ser longo, muito crítico. Tem mais de 100 desaparecidos. O número de óbitos já chegou em torno de 80. Ninguém sabe ainda exatamente a dimensão das consequências do que estamos vivendo”.
Pimenta ressaltou que o trabalho no Rio Grande do Sul está centrado em duas frentes de atuação. “Nesse momento temos dois focos. O primeiro é a questão do resgate. Tem muita gente para ser resgatada, e na medida em que as pessoas vão sendo resgatadas elas vão sendo levadas para abrigos. Aí você tem dezenas de milhares de pessoas em abrigos. No abrigo você precisa ter água potável, alimentos, colchões, cobertores, material de limpeza, gêneros de primeira necessidade. Estamos falando de abrigos com mil pessoas, duas mil pessoas. Tem cidades que tem 8 mil pessoas em abrigos. Possivelmente vamos ultrapassar a casa de 30, 40, 50 mil pessoas em abrigos nas próximas horas”.
“Então a partir deste trabalho humanitário e do trabalho de restabelecimento, que agora é voltar à possibilidade de trafegar, restabelecer a energia elétrica - são de 300 mil pontos sem luz -, quase dois terços dos estado estão sem água, temos um problema de internet, que deixa as cidades sem comunicação. Então cada uma dessas frentes exige uma ação específica que nós estamos coordenando quanto governo federal e dando suporte às ações que estão sendo desenvolvidas pelas prefeituras e pelo governo do estado”, completou.