Putin diz que apoia projeto da China para resolução da guerra

Fonte: Conexaopb com Isabel Alvarez

Publicada às 16/05/2024 13:48

Em entrevista à agência de notícias chinesa Xinhua, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, declarou que apóia à proposta de resolução política do conflito na Ucrânia que foi apresentada pela China, país onde inicia na quinta-feira uma visita oficial de dois dias. 
 
Putin disse que a China compreende as origens e o impacto geopolítico da guerra, em alusão a um documento publicado em 2023 que mostra a posição de Pequim sobre a "Resolução Política da Crise Ucraniana", como é chamado pelo país. Neste documento, que inclui uma proposta de 12 pontos, expressa o desejo sincero da China de estabilizar a situação e sugere ainda uma abordagem que evite a "mentalidade da Guerra Fria".
 
Para o líder russo, os quatro princípios para a resolução pacífica da guerra, promovidos há um mês pelo presidente chinês, Xi Jinping, se enquadram perfeitamente e garantem uma segurança indivisível e o respeito pelo direito internacional e pela Carta das Nações Unidas. "Não me recusei a negociar para resolver o conflito. Estamos abertos ao diálogo sobre a Ucrânia, mas essas negociações devem ter em conta os interesses de todos os países envolvidos no conflito, incluindo o nosso", afirmou.
 
Jinping apelou à realização de uma conferência internacional reconhecida tanto pela Rússia como pela Ucrânia para retomar o diálogo. O primeiro ponto do plano chinês destacou a importância de respeitar a soberania de todos os países. "O Direito internacional, universalmente reconhecido, incluindo os propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas, deve ser rigorosamente observado. A soberania, independência e integridade territorial de todos os países devem ser efetivamente preservadas. A segurança de uma região não deve ser alcançada através do fortalecimento ou expansão de blocos militares. Os legítimos interesses e preocupações de segurança de todos os países devem ser levados a sério e tratados adequadamente", diz a proposta chinesa, numa crítica indireta ao alargamento da OTAN. "
 
Putin também assinalou hoje a necessidade de coordenação entre Moscou e Pequim para estabelecer uma "ordem mundial multipolar justa", e que a relação estratégica e amigável entre os dois países se mantém independentemente da situação política. Sobre as relações econômicas, o presidente russo saudou o crescimento do comércio bilateral e a forte imunidade aos desafios e crises externas.
 
A China é o maior parceiro comercial da Rússia há 13 anos consecutivos, enquanto a Rússia foi classificada como o quarto maior parceiro comercial da China em 2023, sendo que mais de 90% das transações entre os dois países são realizadas nas suas respectivas moedas nacionais. Em referência ao grupo BRICS, formado pelos dois países, além do Brasil, Índia e África do Sul, Putin valorizou a cooperação entre a Rússia e a China e manifestou o seu empenho em integrar novos membros durante a sua presidência do grupo em 2024, para ampliar a sua representatividade mundial.
 
Já a ida de Putin à Pequim mostra como a China aprofundou os seus laços com Moscou desde o início do conflito e sua visita surge logo depois da Comissão Europeia e o Secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, ter apelado a Pequim para que não ajude a Rússia e não forneça componentes que possam ser usados na guerra contra a Ucrânia.
 
Por outro lado, Pequim negou ter vendido armas à Rússia e afirma ter uma relação comercial "normal" com Moscou. O porta-voz da Chancelaria da China, Wang Wenbin, indicou que Pequim valoriza muito a orientação estratégica da diplomacia dos dois chefes de Estado nas suas relações bilaterais. "Os nossos dois presidentes concordaram em manter interações estreitas para garantir o crescimento suave e constante das relações bilaterais", disse Wang.